19% dos microempreendedores e autônomos negros sustentam suas famílias com até 1 salário mínimo, aponta SumUp

  • Motivada pelo Dia da Consciência Negra, fintech realizou uma pesquisa exclusiva sobre o panorama do microempreendedorismo negro no Brasil

  • Segundo o levantamento, 80% das pessoas negras que buscaram crédito durante a pandemia afirmaram ter alguma dificuldade para conseguir dinheiro

A SumUp, empresa global de tecnologia e serviços financeiros, motivada pelo Dia da Consciência Negra (20/11), realizou uma pesquisa exclusiva sobre o panorama do microempreendedorismo negro no Brasil. De acordo com o levantamento, 19% destes microempreendedores e profissionais autônomos sustentam suas famílias com, no máximo, um salário mínimo (R$ 1.212,00).

A pesquisa ouviu 1.935 microempreendedores e autônomos da base de clientes da SumUp, de forma online, em outubro de 2022. No levantamento, são consideradas negras as pessoas que se autodeclararam como pretas e pardas, de acordo com critérios do IBGE. O estudo foi realizado com entrevistados de todas as cores, para que a SumUp pudesse comparar as respostas e aferir como questões étnicas e estruturais impactam a vida e o trabalho das pessoas negras no Brasil.

O mesmo dado dos microempreendedores e autônomos que sustentam suas famílias com até 1 salário mínimo mostra diferenças entre donos de negócios negros e brancos. O porcentual de pessoas negras nessa situação é de 19%, em comparação a 15% entre os brancos entrevistados. Entre os empreendedores que sustentam suas famílias com mais de 10 salários mínimos (mais de R$ 12.120,00), a situação é oposta: 10% das pessoas negras estão nesse perfil, ante 18% dos brancos. "Esse dado é um reflexo do racismo estrutural que existe no Brasil, que faz com que as pessoas negras do País tenham menos acesso a direitos como saúde e educação, entre inúmeras outras dificuldades. Esses desafios, naturalmente, impactam negativamente em outras questões, como o faturamento dos microempreendedores e autônomos negros", diz Marcela Magnavita, líder do SumUp Bank e patrocinadora do SumAfro, grupo de diversidade da SumUp formado por colaboradores negros que atua na construção de um ambiente de trabalho mais inclusivo.

A maioria dos microempreendedores e autônomos participantes do levantamento (53% do total das respostas) são pessoas negras, de acordo com o estudo. Dentre esse grupo, 40% dos entrevistados afirmaram que empreendem por necessidade, enquanto 35% decidiram abrir um negócio por enxergarem uma oportunidade e 13% empreenderam para ter mais tempo para a família.

Impacto da pandemia

A pesquisa da SumUp também traz conclusões importantes sobre o impacto da pandemia entre os microempreendedores e autônomos negros do País. Apesar de todos os desafios trazidos pela Covid-19, apenas 30% das pessoas negras que participaram do levantamento afirmaram que o faturamento de seus negócios diminuiu durante o período de restrições. 40% dos respondentes afirmaram que seus negócios se mantiveram estáveis e 29% disseram que suas vendas aumentaram na pandemia.

De acordo com o levantamento, mulheres negras sofreram mais com a pandemia do que os homens negros. Entre as pessoas que afirmaram que seu faturamento diminuiu com a pandemia, 60% são mulheres.

Ao serem perguntados sobre empréstimos, 30% dos microempreendedores negros afirmaram que buscaram crédito para manter seus negócios durante a pandemia. Dentre as pessoas negras que buscaram um empréstimo, 80% afirmaram ter alguma dificuldade para conseguir dinheiro.

Pensando em 2023, percebe-se um sentimento de otimismo entre os microempreendedores e autônomos negros: 75% deles estão otimistas sobre o futuro de seus negócios no ano que vem.

Foco no presencial (e no analógico)

O estudo da SumUp mostra que os microempreendedores e autônomos negros têm negócios sobretudo presenciais: 58% deles têm vendas predominantemente físicas; apenas 14% têm a maior parte do faturamento vinda da internet.

As pessoas negras também foram perguntadas sobre como cuidam das finanças de seus negócios. 42% desse grupo usam cadernos e folhas de papel para fazer a gestão, enquanto 36% usam alguma ferramenta digital de gestão. Esse panorama é diferente do que acontece entre os brancos que responderam a pesquisa: entre esse público, 47% dos respondentes usam ferramentas digitais de gestão; 33% seguem usando papel.

A pesquisa também perguntou aos microempreendedores e autônomos participantes se eles concordavam ou discordavam, em partes ou totalmente, com algumas afirmações. Uma das frases dizia que “os empreendedores negros são responsáveis pelo seu próprio progresso e o racismo pouco interfere no seu insucesso ou sucesso”. 61% das pessoas negras discordaram, pelo menos em parte, com essa afirmação. "A discordância com a afirmação mostra que as pessoas negras, em sua maioria, entendem que a sociedade brasileira dificulta a sua busca pelo sucesso, independentemente do esforço desses microempreendedores", afirma Everton Lima, analista de risco da SumUp e um dos líderes do SumAfro.

De acordo com Marcela, do SumUp Bank, pesquisas como essa são importantes por dar voz a uma parcela muito importante da população. “A maioria dos clientes da SumUp são microempreendedores e autônomos. É um público nem sempre ouvido em pesquisas de opinião, que normalmente focam em negócios de maior porte. Dar espaço a essas pessoas é essencial para o seu desenvolvimento e também para o avanço do País.”

Confira a pesquisa na íntegra clicando neste link.