Mulheres empreendedoras tendem a ganhar menos que homens, aponta pesquisa da SumUp

  • 41% das mulheres entrevistadas ganham menos de um salário-mínimo, ante 10% dos homens. E apenas 10% das mulheres ganham mais de cinco salários-mínimos, em comparação a 25% dos empreendedores do sexo masculino

  • Pesquisa também analisou que as mulheres têm menos tempo para se dedicar aos seus negócios, impactando diretamente no faturamento. 84% dessas mulheres são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas

A SumUp, empresa global de tecnologia e soluções financeiras, desenvolveu uma pesquisa proprietária para analisar o empreendedorismo feminino no Brasil. Realizada entre os dias 17 e 27 de fevereiro de 2024, o levantamento ouviu 452 clientes distribuídos em todas as regiões do País. Uma das principais conclusões é que, no geral, mulheres faturam menos que homens em negócios próprios.

Entre as mulheres entrevistadas, 41% delas ganham menos do que um salário-mínimo, enquanto somente 10% dos homens recebem essa quantia. Analisando uma faixa de faturamento maior, apenas 10% das mulheres ganham mais de cinco salários-mínimos, em comparação a 25% dos empreendedores do sexo masculino.

Como identificou o relatório, 84% das empreendedoras são as principais responsáveis pelas tarefas domésticas, dado que indica a sobrecarga dessas mulheres. Por outro lado, apenas 31% dos homens fazem a maior parte do trabalho em casa.

A pesquisa também aponta que as empreendedoras dedicam menos tempo de trabalho em seus negócios, em relação aos homens. “Provavelmente em função da dupla jornada, as empreendedoras precisam dividir muito mais seu tempo em diferentes tarefas”, conta Lilian Parola, economista e diretora de mercados de capitais da SumUp para a América Latina.

O recorte também aponta que 63% das mulheres empreendedoras são chefes de família – ou seja, as principais responsáveis pelo sustento da casa –, contra 92% dos homens que exercem a mesma função. Assim como 52% das empreendedoras trabalham em casa, porcentagem maior que homens da mesma categoria profissional (29%).

"Grande parte das mulheres são as principais responsáveis pelas rendas de suas famílias, mas elas ainda precisam associar o trabalho às suas casas, para cuidarem das tarefas domésticas e dos filhos”, conta Lilian.

Mesmo com faturamento menor e com menos oportunidades para se dedicarem aos negócios, as empreendedoras são mais escolarizadas que os homens que participaram do estudo. Entre as entrevistadas, 47% possuem, ao menos, ensino superior incompleto, ante 35% dos homens que estão no mesmo nível de ensino – outros 65% dos empreendedores não chegaram nem a iniciar o ensino superior.

A pesquisa ainda aponta que 50% das mulheres começaram a empreender por necessidade. Por outro lado, o motivo mais comentado pelos homens, com 38% de respostas, é que eles iniciaram o negócio por enxergarem uma oportunidade de crescimento profissional. Já as empreendedoras, ao escolherem o segmento do seu negócio, consideraram, principalmente, seus interesses ou experiências na área.

O estudo também identificou que, entre as entrevistadas, 31% já sentiram discriminação ou foram vítimas de preconceito por estarem na gestão do próprio negócio. Apenas 15% dos homens afirmam ter vivido alguma situação parecida. Ao analisar a etnia dos clientes entrevistados, a pesquisa aponta que mulheres pretas e pardas sofrem mais discriminação, questão apontada por 38% delas.

Cerca de 70% das empreendedoras acreditam que o ano de 2024 será melhor para seus negócios do que em 2023. “Mesmo com um cenário desigual, muitas adversidades e barreiras, as mulheres são tão otimistas quanto os homens e seguem empreendendo no Brasil. Há muito o que melhorar para termos mais equidade”, finaliza a executiva.

Confira o estudo completo aqui.